Cafés
Ficou com vontade de tomar um bom cafezinho mineiro? Conheça os produtos da LINHA CAFÉS do Empório Minas Uai!
LINHA CAFÉS:
CURIOSIDADES
História do Café
Reza a lenda que sempre que chegamos à casa de um mineiro não resta dúvida: haverá uma mesa com um café sempre fresquinho e uma fornada de pão de queijo recém-saída do forno. Verdade ou não, a tradição do café de Minas Gerais atravessa gerações e a qualidade da bebida conquistou todo o país e superou fronteiras.
Muito além de qualidade e sabor, o café mineiro se tornou um movimentador grandioso da economia e é responsável por cifras gigantescas. Além de contar com rótulos tradicionais que estão há décadas entre os mais consumidos nos lares brasileiros, o café mineiro, hoje, fala “uai” em outras muitas línguas.
Assim, a cafeicultura mineira é uma das mais exigentes em qualidade e, também, nas questões ambientais e sociais. Existe entre os produtores o cuidado de garantir a produção de um café que seja considerado sustentável em toda a sua cadeia. Além disso, há investimentos na área de tecnologia que garantem pesquisas frequentes, principalmente no que diz ao melhoramento genético do café.
A origem dessa bebida tão presente em nossas vidas data do século VI, quando na antiga Abissínia (atual Etiópia) um pastor que levava suas cabras para pastar notou em uma das noites que elas estavam mais agitadas e saltitantes do que o normal. Como na noite seguinte as cabras apresentaram o mesmo comportamento, o pastor recorreu a um monge que os acompanhou, para ver se era algo sobrenatural. O monge então observou que as cabras estavam comendo frutinhos vermelhos de um arbusto e levou algumas folhas e frutos para o mosteiro. Enquanto isso, o pastor provou alguns frutos e sentiu a mesma excitação de suas cabras, indo juntar-se a elas.
No mosteiro fizeram uma infusão com as folhas e os frutos, mas o sabor era tão amargo e desagradável que eles atiraram ao fogo, surgindo um aroma extasiante. Foi feita então uma nova infusão e os monges beberam e ficaram a madrugada inteira recitando escrituras. Assim, foi descoberta essa bebida mágica chamada café, capaz de acabar com o cansaço e estimular o cérebro.
O café já era muito apreciado no século XV na região da Etiópia, quando cruzou o Mar Vermelho e atingiu o Iêmen, ganhando interesse do governo e agricultores, conquistando o mundo árabe. Naquele tempo a bebida era preparada da seguinte forma: a água era fervida em uma chaleira própria, o pó de café era adicionado e a mistura fervia por mais um tempo para perder o sabor desagradável e devia-se bebê-la rapidamente. Algumas pessoas adicionavam açúcar, canela e cravo-da-índia. Essa bebida era chamada cahue ou café. A espécie da planta ficou conhecida como Coffea arábica por ter se adaptado muito bem na Arábia. No final do século XIX outras espécies passaram a ser cultivadas como a Coffea robusta.
Voltando ao tempo, no século XVI o Iêmen era o principal produtor de café, que já era bem conhecido no Oriente Médio. Em meados de 1500 a bebida passou a ganhar terras do Egito, Síria, Turquia e Grécia, trazida principalmente pelos mercadores que cruzavam a região. Por volta de 1600 o café chegou ao sul da Índia, espalhando-se por outras regiões do país. Nessa época, o porto iemenita da cidade de Mokka (Mar Vermelho) era o maior exportador de café, levando a bebida para a Europa Ocidental.
Em 1616 o primeiro pé de café chegou à Europa, desembarcando no Jardim Botânico de Amsterdã. Esse pé ficou em uma estufa e originou novos pés, que foram levados para o Ceilão (atual Sri Lanka) e Java (Indonésia), colônias dos holandeses. Em 1706 os holandeses eram responsáveis pelo abastecimento de café de toda a Europa e a Indonésia tornara-se o primeiro grande produtor e exportador do grão.
E o café ia ganhando o mundo! As casas de café na Turquia, Europa e países árabes eram locais muito frequentados por intelectuais, artistas, religiosos e comerciantes. Em Londres, que contava com cerca de 2 mil casas que vendiam a bebida em 1715, seu consumo veio antes do chá, quem diria?
E a moda chegou aos Estados Unidos. Nessa mesma época começaram a surgir diversas casas de café em Boston e Nova Iorque. Dizem que foi em um café em Boston, na Union Street, que surgiram os acordos e pactos para a revolução que culminou com a independência americana em 1776. Além disso, como o chá era associado à coroa inglesa, os norte-americanos passaram a consumir mais café e hoje são os maiores consumidores do mundo.
Continuando a história, o aumento da demanda fez as lavouras expandirem e no final do século XVIII os cafezais também prosperavam na Jamaica, Cuba, Porto Rico, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Colômbia e México. Os franceses levaram o café à Guiana Francesa, Haiti, Guadalupe, Ilhas Maurício (África), Tonquim (atual Vietnã) e ilha Reunión (conhecida como Bourbon).
A chegada do café ao Brasil teve início em 1718, quando os holandeses embarcaram um cafeeiro para o Suriname, sua colônia. Um ano depois o café chegou à Guiana Francesa clandestinamente. E dessa colônia francesa o café foi trazido ao Brasil.
Diz a história que em meados da década de 1720 o governador do Maranhão e Grão Pará, o português João da Maia da Gama, ficou sabendo por um informante da Coroa Portuguesa, que a vizinha Guiana Francesa possuía cerca de 20 mil cafeeiros e 60 mil mudas plantadas. Alem disso, o governador da Guiana, o francês Claude d’Orvilliers, havia desrespeitado a divida entre as duas colônias, o que foi considerado um insulto à Coroa Portuguesa.
Com a desculpa de fiscalizar a fronteira, Maia da Gama enviou ao final de fevereiro de 1727 um de seus mais competentes militares, o argento-mor Francisco de Mello Palheta, a uma expedição na Guiana com a incumbência de trazer algumas mudas de café. Para isso, sugeriu sua ida à capital Caiena para uma missão oficial com o intuito de aproximar-se de Madame d’Orvilliers, esposa do governador francês.
Palheta, um militar conhecido e respeitado, foi recebido com todas as honras pelo governador d’Orvilliers. Durante o jantar, o militar foi muito agradável, contando suas aventuras pela selva amazônica e trocando olhares e sorrisos com a senhora d’Orvilliers.
É dito que certa noite a Madame d’Orvilliers presenteou Palheta com um vaso de flores, onde estava escondida uma muda de Coffea arábica, além de grãos de café, que foram escondidos nos bolsos do casaco militar. Dizem que foi um presente de despedida e de amor!
A expedição retornou a Belém em meados de maio e o café começou a germinar no Pará no mesmo ano de 1727. No início, não foi dada muita atenção a essa planta que exigia cuidados no seu cultivo. Além disso, a colônia experimentava o ciclo de ouro da mineração, que dominava a atenção Coroa Portuguesa.
Enquanto isso, o café ganhava importância no mundo e em 1730 já era comercializado como commoditie, ganhando força com a fundação da primeira bolsa de café em Nova York.
O café não encontrou grande interesse comercial na região Norte do país e chegou ao Rio de Janeiro entre 1760 e 1762, sendo cultivado em diversas áreas da capital.
Em 1820 começaram a ser colhidas as primeiras safras do grão em grande escala e, passados dez anos, o café já era o segundo item da pauta de exportação brasileira, o primeiro era o açúcar. Em 1885 o Rio de Janeiro era responsável por 70% de toda a produção brasileira de café. O fim do ciclo da mineração impulsionou a atividade cafeeira no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas o auge da produção teve início quando o café entrou no Vale do Paraíba, que possuía condições climáticas muito favoráveis e solo muito fértil. O cafeeiro necessita de temperaturas amenas, solo fértil, não suporta geadas e demora de 4 a 5 anos para começar a produzir. Essas características foram determinantes para a migração do café para essas regiões mais altas e com clima temperado.
A expansão do café no Brasil coincidiu com o declínio de grandes produtores mundiais como Java, Ceilão e Haiti. Assim, em 1890 o Brasil era o responsável por 70% da produção mundial, embarcando cerca de 15 milhões de sacas anuais para um mercado consumidor de 20 milhões.
Ao mesmo tempo em que o café trazia desenvolvimento para o país, também causava danos ambientais e exploração de imigrantes.
Referência: Livro ”Café – Um grão de história“ (2006).